Manuel Alegre já anunciou quase que oficialmente a sua candidatura à presidência da República. Uma estratégia curiosa e tudo menos ingénua. Aliás, não se chega onde Manuel Alegre chegou sendo ingénuo...
Ao longo destes três anos e meio foi conquistando o apoio da esquerda, sendo o principal rival de Cavaco Silva nas presidenciais, participando em iniciativas do Bloco de Esquerda, apontando discordâncias com o PS de Sócrates (que não é definitivamente o seu), ameaçando entrar em ruptura com o partido, revelando-se independente de aparelhos partidários... e, agora, não se reconcilia de vez com o PS, mas já dá um imenso motivo de descanso a Sócrates por se saber que não vai fundar partido algum e que não estará contra ele nas eleições. Simplesmente não estará ao seu lado.
Enfim, vai cultivando - como Cavaco - a imagem do político supra-partidário, não estando afecto intensamente a nenhum partido, desligando-se do grupo parlamentar, mostrando-se independente e dando a sua opinião sem condicionalismos político-partidários. A partir de agora será claramente one man show. Não tarda, ouvi-lo-emos criticar Cavaco Silva por isto ou por aquilo. É normal. É pré-campanha!
E, em 2010, a vaga de fundo chamará por Manuel Alegre, com vozes do PS (dos dois PS's - o Partido de Sócrates e o verdadeiro Partido Socialista), do PCP e do Bloco. Teremos Esquerda vs Direita, e, ou muito me engano, teremos um novo Presidente da República.