Em meu entender, o debate político deve ter lugar o mais possível na Assembleia da República. Se assim for, são os representantes do Povo Português que estão a desempenhar as suas funções e no local que é a Casa Mãe da Democracia.
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Felizmente, com os debates mensais instituídos pelo PM Durão Barroso (sendo Presidente da AR Mota Amaral) e, agora, mais recentemente, com os debates quinzenais, a discussão política vai estando cada vez mais focada na AR.
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Assim, é cada vez mais necessário para os Portugueses e proveitoso para os líderes partidários que estes sejam deputados. Marcelo Rebelo de Sousa não o era no tempo em que foi presidente do PSD e Luís Filipe Menezes também não. O primeiro foi conseguindo contornar esse problema com um excelente líder parlamentar, Luís Marques Mendes. O segundo, também fruto do medíocre grupo parlamentar de que dispunha, entregou a representação da bancada parlamentar ao homem que foi derrotado nas últimas legislativas.
.Não me parece, contudo, que para Manuela Ferreira Leite isto vá constituir problema de maior. Digo isto por dois motivos essenciais. Em primeiro lugar, não a tomo como particularmente triunfante em debates. É uma pessoa mais para agir, para actuar, para fazer ou para pensar à volta de uma mesa (ao estilo de Cavaco), do que propriamente para andar a discutir num plenário, local público, e, de certo modo, um antro de demagogia. Sócrates, hábil nesta "arte", arrumá-la-ia a um canto.
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O segundo motivo diz respeito àquela que me parece ser a melhor opção para líder parlamentar e a que MFL, penso, seguirá: José Pedro Aguiar-Branco. Desde logo, foi um dos responsáveis pela queda de Luís Filipe Menezes e foi, desde o início, um incontornável apoiante de MFL. Depois, foi ministro de Santana Lopes e foi seu cabeça-de-lista pelo Porto em 2005, pelo que permitirá fazer uma ponte importante com outra ala do PSD. É aguerrido, destemido (deu aquela forte entrevista à Visão no dia da demissão de Menezes), brilhante orador, tem crédito e provas dadas. Apesar do curto tempo que passou pelo Governo, conseguiu recolher algumas opiniões que lhe foram favoráveis, é uma pessoa com ideias para o País e com uma susbtancial participação cívica.
.Fala-se ainda em Marques Guedes - que já desempenhou estas funções no tempo de Marques Mendes -, mas julgo ser demasiado apagado, pouco aguerrido, jogando mais à defesa e não tanto ao ataque. Seria, a meu ver, uma péssima escolha para debater quinzenalmente com Sócrates.
.Melhor que Marques Guedes (mas pior que Aguiar-Branco) seria Paulo Rangel, de quem já falei aqui, defendendo os seus dotes como orador. No entanto, tem contra Aguiar-Branco o facto de ser menos conhecido, o que me parece particularmente penoso nestas circunstâncias uma vez que o rosto do PSD no Parlamento deve ser alguém que não seja um estranho aos Portugueses e para quem olhem sabendo que já teve um papel de relevo na política. Ainda que Rangel tenha sido secretário de Estado da Justiça, Aguiar-Branco foi ministro, o que, naturalmente, lhe dá maior credibilidade.
.Parece-me que Aguiar-Branco é uma opção excelente. Talvez das melhores que poderia haver, fosse qual fosse o grupo parlamentar. Conto que a sua ocupação profissional não o impeça de exercer estas funções que se revelarão essenciais para desenhar o resultado de 2009.
3 comentários:
Não esquecer que se critica muito Santana Lopes, mas a verdade é que levou para o grupo parlamentar do PSD naquela altura difícil pessoas como Duarte Lima, Aguiar Branco, Marques Mendes, Paulo Rangel, Marques Guedes, etc, etc... Se vai sair daqui um bom líder parlamentar, a verdade é que foi o Santana Lopes que lá o pôs!!!
Caro anónimo,
Olhando para os grupos parlamentares do PSD de há umas legislaturas atrás e para a presente, temos de reconhecer que há uma diferença abissal!
E se bem que Santana Lopes ainda tenha conseguido colocar alguns "notáveis", verdade seja dita que o peso das distritais na escolha dos candidatos também é muito.
Aguiar Branco, Paulo Rangel, Miguel Relvas, José Eduardo Martins e José Luís Arnaut são hoje membros do grupo parlamentar do PSD e estiveram ao lado de PSL no Governo, quando podiam perfeitamente nao estar para exercer a sua actividade principal. E isto também se aplica a Mota Amaral.
A verdade é que quando chega a hora de fazer as listas de deputados há logo interessados em apoiar o líder!!
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