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Não vi a entrevista que Manuela Ferreira Leite deu a Constança Cunha e Sá, na TVI. No entanto, a maioria das notícias que tenho visto e os excertos que tenho visto incidem muito sobre a posição da nova presidente do PSD sobre os "casamentos" homossexuais.
.Sobre este assunto, MFL disse que logicamente aquilo que estava em causa não era a relação entre um casal homossexual - o que diz exclusivamente respeito ao casal -, mas a atribuição do mesmo estatuto a um casal homossexual e a outro heterossexual.
.MFL afirma - e subscrevo inteiramente - que admite "que esteja a fazer uma discriminação porque é uma situação que não é igual." E acrescenta: "É uma realidade. Chame-lhe o que quiser, não chame é o mesmo nome. Uma coisa é casamento, outra coisa é qualquer outra coisa". Trata-se por igual o que é igual e por diferente o que é diferente.
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O casamento é uma instituição com séculos e que pressupõe pessoas de sexo diferente. Não tenho nada que ver com o facto de haver quem opte por querer viver com pessoas do mesmo sexo, mas isso não significa que a instituição do casamento seja mudada sem mais. Se as faz mais felizes, o Estado pode e deve, em meu entender, reconhecer o direito à união de facto de pessoas do mesmo sexo, ou até chamar-lhe um outro nome qualquer, mas que não casamento porque não o é. Se há política familiar a ser promovida pelo Estado é, por certo, no sentido dos casamentos heterrossexuais e no sentido da procriação.
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Li na última edição da revista Única, do Expresso, que havia na Alemanha lares exclusivos para casais homossexuais. Foi uma reportagem que me apanhou de certo modo de surpresa, naturalmente, já que não é propriamente um lugar-comum. No entanto, não sendo eu contra esse tipo de instituições, aquilo a que me oponho é à atribuição de subsídios ou ao seu financiamento por parte do Estado.
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18 comentários:
Aproveito para acrescentar que é lamentável que a imprensa tenha incidido a entrevista nos casamentos homossexuais quando, segundo o que me informei, grande parte dela foi dirigida às políticas do Governo.
hum... não entendo a tua posição, é terrivelmente perturbadora. como eles têm uma orientação sexual diferente da maioria das pessoas o Estado têm de os discriminar como criminosos ou assim? não me parece que alguém se case apenas pelos benefícios fiscais. quer dizer, isso acontece com muitos casais heterossexuais, mas não me parece que os homossexuais reclamem o direito a casar devido a isso...
"Se há política familiar a ser promovida pelo Estado é, por certo, no sentido dos casamentos heterrossexuais e no sentido da procriação".
Caro ASL,
em que mundo é que vive? No mesmo de Bento XVI, provavelmente.
Permita-me o abuso, mas não esperava tanta estupidificação numa só frase vindo de si.
Mas, enfim, hoje em dia um homem já nem sabe.
Daniela, a questão de não atribuir o nome "casamento" e os direitos que este pressupõe à união que o Estado pode reconhecer não tem como finalidade penalizar ou isolar os casais homossexuais. A ideia não é essa, Daniela! A questão é que a duas coisas diferentes não se pode dar o mesmo nome!
Sinceramente, Francisco, devo dizer que o meu mundo é um tanto ou quanto distinto do de Bento XVI. Pode perfeitamente ser um tema sobre o qual me venha a debruçar e, por certo, muito poderia ser escrito... Quanto ao abuso, ainda bem que o reconheces.
O meu ponto é: as políticas de família que o Estado pretende promover são aquelas que, potencialmente, visam o aumento da natalidade. É por isto que são atribuídos benefícios fiscais por se estar casado, há subsídios dados em vários países pelo Estado por cada criança que nasce, e são feitos crescentes descontos em várias áreas de acordo com o maior número de filhos que um casal tenha, etc.
Ora, os "casamentos" homossexuais fogem a esta lógica.
Quando digo que o Estado deve promover os casamentos heterossexuais, faço-o pretendo dizer que entendo que são os únicos que devem ser tomados como tal - casamentos. Não sei ao certo como foi interpretada essa minha frase, mas quero esclarecer que não estou, naturalmente, a sugerir que o Estado faça campanhas pelos casamentos heterossexuais!!!
A frase que citaste, Francisco, é não só a minha opinião como na verdade é a própria realidade!
É a realidade pelos exemplos que te mostrei neste comentário, e é a minha opinião não só por achar também que o Estado deve (até mesmo para a sua própria sustentabilidade futura) promover a natalidade, como também pelo elemento histórico que expus no post. Bem sei, Francisco, pelo que já fui lendo do que escreveste no "Aqui há discussão", que este argumento para ti não faz qualquer sentido, mas parece-me que é daqueles que pouco se poderá discutir, uma vez que assenta em valorizar mais ou menos a tradição, e entendo que cada um de nós já tem a sua posição em relação a este assunto.
No entanto - e continuando - penso que para conciliar a política pró-família que o Estado deve levar a cabo e os desejos dos homossexuais de se casarem o Estado pode reconhecer a união de facto - ou criar um outro regime qualquer, com o nome que quiserem - entre homossexuais.
Agora, o casamento e as regalias que lhe estão inerentes devem ser assegurados pelo Estado por uma questão de respeito pela ideia de casamento e para a promoção da natalidade.
As pessoas têm de entender de uma vez por todas que a homossexualidade é uma coisa contra-natura, que as marchas do orgulho gay não são mais do que tremendas faltas de pudor e actos de infantilidade. Parece a promoção de um produto na moda, o que só descredibiliza os homossexuais. (Há obviamente homossexuais que como qualquer pessoa minimamente decente preservam a sua intimidade ... para aqueles de quem são íntimos!!!)
ASL, a meu ver, é redundante dizer que "Se há política familiar a ser promovida pelo Estado é, por certo, no sentido dos casamentos heterrossexuais e no sentido da procriação"! A política familiar diz respeito ... à família !!! Será que alguém concebe família como sendo dois homens ???
A institucionalização do matrimónio é uma realidade secular, dogmática e doutrinária. Naturalmente, não foi ponderada a questão homossexual, mas hoje poderá sê-lo. Uma homo-qualquer coisa-ligação...que não será um matrimónio tradicional, um casamento. É favor não misturar alhos com bugalhos.
Manuela Ferreira Leite esteve muito bem, consciente e respeitadora.
Igualdade não significa tornarem-nos todos iguais, o que seria. Talvez seja permitir que todos possam ter oportunidades equivalentes.
Triste e banal é ver os "modernaços" de hoje a tentarem impor a correcção dos mentes abertas. Tão respeitável e aprofundada pode ser a argumentação de uns como de outros.
O António limitou-se a ser prático e atento e a antever políticas de incremento das diminuídas taxas de natalidade nos países desenvolvidos. A isto, chama-se clarividência, preocupação social e incentivo aos casais. Nada mais compreensível!
Não se paga ao casais heterossexuais para que se casem, tende-se a auxiliá-los a criar os filhos. Qual é o sentido de beneficiar fiscal ou financeiramente ligações
homossexuais? Quanto à sua união, é respeitável e deve ter reconhecimento formal.
Tiago
Muito me divirto com estes bons samaritanos representantes do muy nobre conservadorismo português. Aquele bacoquismo que Eça descreveu também.
Caro Tiago, a instituição casamento, de doutrina ou dogmatismo só terá o seu. Porque de uma coisa que se diz dogmática, basta alguém a contrariar para esse substracto dogmático, no mínimo, ser posto em causa. Ora hoje, felizmente, são muitos os dogmático-contrariadores. Entre este termo, obtuso, bem sei, e o de "modernaço", prefiro que me insulte com o primeiro. É que modernaço lembra-me sempre um qualquer novo rico de óculos de sol. Ora eu só estou aqui numa humilde defesa da Igualdade e da Democracia.
Ninguém lhe impõe uma mente aberta, caro Tiago. Isso cada um deve impôr a si próprio, na minha opinião. E se "imposição" aqui há, não é das mentes ditas "abertas", mas das fechadas. Mas se me considera um impostor (no sentido de "impôr"), por querer "impôr" o livre e absoluto desenvolvimento humano, ou por querer impôr o que o 13º CRP veicula, então aceito de bom grado esse e outros adjectivos néscios.
Cumprimentos,
Francisco Noronha
L. Romão,
Não sei qual o sentido exacto que quis imprimir ao falar das paradas gays, mas aquilo que tenho a dizer sobre o assunto é que não as entendo tendo em conta os objectivos dos homossexuais. Se os intervenientes nessas marchas querem e lutam por uma maior aceitação por parte da sociedade, estando no lugar deles, com toda a certeza que não promoveria esses eventos. Parece-me que a única reacção que obtêm das paradas é o choque, não a sensibilização.
Já que o Francisco se sentiu tentado a dedicar-me tempo da sua vida, só me resta agradecer-lhe com educação dogmática(que, mesmo contestada, não deixará de ser um dogma). Deixe lá o Eça e esses preconceitos todos das liberdades e sentimentos de inferioridade do ido século XIX e esteja mais à vontade, ninguém leva a mal se comprar uns óculos discretos e confortáveis...até porque os raios solares já não são o que eram. A humildade, igualdade, democracia, e tantos outros nomes/conceitos bonitos não se apregoam, aplicam-se!
Por fim, peço-lhe que leia o que escrevi, talvez assim perçeba a minha abertura mental na medida em que(veja bem!) até poderei aceitar uma ligação entre homossexuais, desde que não a queiram mascarar de casamento. Aliás, sou tão modernaço ao ponto de aceitar políticas natalistas, invadindo deste modo a velha tradição das despesas e iniciativa surgirem em casa e na Família. Porém não reconheço os benefícios trazidos por ligações homossexuais(que imagino que não dêem frutos), ao ponto de lhes conceder benefícios só por existirem e afirmarem na praça que estão ali para incomodar.
O meu caro não é nada impostor, até porque não lhe dei liberdade para isso e, se trabalhar para tentar, não vá por atalhos de ineptos.
Saudações!
Tiago
Caro Tiago,
Prezo muito a sua educação dogmática. Se lhe conseguir juntar um pouco de substracto intelectual, então aí seria maravilhoso. Mas talvez já seja exigir demais.
Lamento não ter deduzido a sua "abertura mental" que, imagine-se só, até aceita qualquer-coisa-que-não-o-casamento para casais homossexuais. Agora brincar ao carnaval é que não! Pois, caro Tiago, mas aí reside precisamente o equívoco. Porque os casais homossexuais mão querem um regime diferente ou especial. Nas suas doutas palavras, eles querem de facto "incomodar". Chato, não é? Impertinentes, estes homossexuais!
Aguardo ansiosamente um novo diâmetro, porventura maior, para a sua "abertura" mental.
Cumprimentos muito familiarescos (acho que é algo nobre que o Tiago irá aprecisar),
Francisco Noronha
Entre o conservadorismo bacoco e o modernismo exacerbado, prefiro claramento o primeiro !!!
Desta feita, intervenho apenas para agradecer o contributo de todos nesta discussão e apelar a que os ataques feitos tenham apenas como base as ideias defendidas e que se dispensem de se dirigir a eventuais características pessoais, determinadas com base na mera imagem que retêm dos restantes comentadores.
Tendo em alta conta o apelo do proprietário do blog(dou importãncia ao conceito de propriedade!), limito-me a agradecer-lhe uma vez mais a sua tentação em falar-me. Ainda que se deixe exaltar por pessoas de diminuída capacidade intelectual, como bem defende. Bem-Haja por pensar como pensa! Pensar, só por si, já é bastante...então se fosse acompanhado de educação e descomprometimento ideológico, seria o ideal para se prosseguir com boas conversas.
Sobre o assunto, que o Francisco já esqueceu, continuo com a mesma percepção que tinha no primeiríssimo comentário: a união é aceitável e deve ser formalmente reconhecida, a equiparação a casamentos actuais não. Benefícios fiscais ou outros, muitos menos! Visto não se tratar de uma ligação passível de gerar descendência.
Saudações fraternas!
Tiago
Francisco,
Como calcularás não vou publicar na íntegra o comentário que fizeste. Para não prejudicar o decorrer da discussão e se estiveres interessado, podes retirar aquilo que o comentário tem de ofensivo, nomeadamente no que diz respeito a considerações pessoais.
Peço desculpa por não te ter informado disto mais discretamente, mas o teu email não se encontra na tua página de perfil do Blogger.
ASL,
Como calcularás, deixarei de visitar e/ou comentar o teu blog. Sem que isto signifique algum rancor pessoal, mas apenas porque censura não, obrigado. E espero profundamente que este comentário passe no teu filtro ético-moral.
Encontraremo-nos certamente por outras paragens.
Cumprimentos,
Francisco Noronha
A não correspondência aos limites mínimos do decoro, da boa educação e do respeito por terceiros não teve nem terá certamente lugar neste blogue.
António, desculpe os constrangimentos que acabei por lhe causar. Enfim...não estava à espera que a conversa fosse tão longe (por se aproximar da ofensa, em vez do debate).
Tomou as medidas que considerou adequadas mas digo-lhe que já estou habituado a ver argumentações cairem por terra precisamente pelo abandono da educação e desrespeito total pelo interlocutor. Portanto, se assim o entender, esteja à vontade para aceitar comentários, ainda que se trate de ataques pessoais.
O Francisco não tem sido ofensivo, porém deve ter mais calma e explicar-se com clareza e algum respeito. Não tem de ser amizade nem sequer concordância, mas proporcionar conversas que permitam evoluir em argumentos e conhecimentos. Toda a árvore que mexe, só por não nos ser igual ou pender para outro lado, não deve ser cortada. Antes pelo contrário! Sinceramente, lamento isto.
Abraço de respeito!
Tiago
Por favor, Tiago! Mal de nós se sempre que alguém expuser um ponto de vista diferente o debate enveredar no sentido em que enveredou e nos sentirmos constrangidos por isso!
É justamente para que continue a não haver nenhum comentário ofensivo aqui que aqueles que têm esse teor não são publicados.
Obrigado pelos contributos ;)
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