Ontem, a Presidência da República deixou o País em suspenso com o comunicado que Cavaco Silva faria à Nação na abertura dos telejornais. Confesso que algumas vezes ao longo do dia me fui lembrando de que às 20h deveria ter uma televisão ao pé de mim, uma vez que a curiosidade com o assunto abordado era grande.
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A única informação de que se dispunha era a de que o Presidente só interromperia as suas férias se fosse para comunicar algo da maior relevância, obviamente. Assim, das duas uma: ou Cavaco Silva ia lançar uma verdadeira bomba (o que seria muito estranho, já que, numa situação destas, o previsível seria provocar uma ligeira fuga de informação para que um dado órgão de comunicação social fosse veiculando como forte uma certa possibilidade) ou então nos últimos dias aconteceu algo da maior relevância para o País que justificava uma posição clara do PR (o que também seria muito estranho porque não me constava de nada de especial tivesse acontecido).
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Quando oiço, às 20h, Cavaco Silva dirigir-se aos Portugueses após todo aquele suspense para falar sobre o Estatuto Político-Administrativo da R. A. Açores, devo dizer que me senti desiludido. Muito se tem escrito e dito sobre o disparate e o "desrespeito" da Presidência pela opinião pública ao sobrevalorizar esta questão.
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Assim sendo, das duas uma: ou se temia que não fosse dada a importância devida à questão (que, não obstante, é relevante), optando-se assim por a sobrevalorizar, ou então está aqui uma jogada política que trará os seus frutos num futuro próximo...
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3 comentários:
Por acaso discordo, António. Mas depois venho cá com menos sono para lhe explicar a razão. lol
Abraço
Olhe António gostei bastante da intervenção do sr. Presidente da República porque, ao contrário do que a maioria acha, dou a maior importância a estes assuntos e pareceu-me que teria passado bastante ao lado do conhecimento público sem este discurso. Claro que o circo que se fez à volta da ocasião fazia esperar outro tipo de intervenção, mas é típico da manipulação televisiva. Quanto ao resto (economia, saúde, etc etc etc) já todos sabem e estão atentos e parece-me de responsabilidade mais entroncada com o Governo. Para além do mais, esta questão levanta questões de soberania, de afastamentos em relação ao estabelecido em regra pela Constituição e um certo "atentado" à própria função da Chefia do Estado português(não só do continente). Por tudo isto, penso que se justificou plenamente aquela pausa para ouvir o discurso e foi bastante pertinente. Pela primeira vez, senti alguma amizade e apreciei o gesto de um Presidente da República de Portugal.
Abraço!
Tiago
Naturalmente que certas questões quanto ao papel do PR no quadro nacional estavam a ser postas em causa, havendo, assim, motivos suficientes para uma intervenção da sua parte. O assunto não era, de todo, menor.
Todavia, parece-me que toda a situação criada em torno do assunto tinha um objectivo específico e não só procurar dar mais visibilidade a algo que, à partida, passaria ao lado dos Portugueses.
Quando uma pessoa tão cuidadosa com as palavras como Cavaco Silva é intervém aludindo ao "normal funcionamento das instituições da República", dá-me a entender que aquela comunicação ainda dará que falar.
De resto, Tiago, esteja à vontade para me contactar. ;)
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