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Na sequência do chumbo do Tratado de Lisboa por parte da Irlanda, penso que os que defendem que a UE se mantém no impasse em que já se encontrava se enganam. Na verdade, penso que só veio denegrir ainda mais a situação. Pior do que um Governo cair por lhe ser apresentada uma moção de censura é este propôr uma moção de confiança e esta ser rejeitada. Parece-me que foi o que aconteceu...
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Ouvir a hipótese de a Irlanda vir a sair da UE é sinal de uma fragilidade imensa por parte da UE, uma vez que só mostra que a UE evolui "à força", excluindo os que estão contra certos aspectos e mantendo aqueles que se pronunciaram (por via parlamentar) favoravelmente pela Constituição Europeia disfarçada.
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Note-se que já a Constituição Europeia foi chumbada há uns anos (não tendo sido veiculada a hipótese de excluir a França e a Holanda da UE, como é óbvio) e agora é a vez do Tratado de Lisboa. Será que estão os europeus interessados na Europa? Será que a sentem como sua? Será que alguma vez perceberam a sua importância no quadro mundial?
.Ouvir a hipótese de a Irlanda vir a sair da UE é sinal de uma fragilidade imensa por parte da UE, uma vez que só mostra que a UE evolui "à força", excluindo os que estão contra certos aspectos e mantendo aqueles que se pronunciaram (por via parlamentar) favoravelmente pela Constituição Europeia disfarçada.
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Note-se que já a Constituição Europeia foi chumbada há uns anos (não tendo sido veiculada a hipótese de excluir a França e a Holanda da UE, como é óbvio) e agora é a vez do Tratado de Lisboa. Será que estão os europeus interessados na Europa? Será que a sentem como sua? Será que alguma vez perceberam a sua importância no quadro mundial?
Se já dúvidas tinha sobre se ia chegar a ver a União avançar para uma federação (com uma série de especificidades) - como entendo que é a forma que faz sentido e que defendo a longo prazo -, de uma forma natural e não forçada, então agora parece-me que essa nem é uma questão para pôr em cima da mesa nos próximos tempos.
.Subscrevo grandemente a proposta do ex-primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt no seu livro Estados Unidos da Europa, mas será que faz sentido querer avançar com um projecto europeu tão ambicioso quando aparentemente os seus cidadãos não o querem/não o entendem? Para quê assentar um projecto deste calibre em estacas tão pouco firmes?
.Aguardemos pelo Conselho de Assuntos Gerais de amanhã pelo Conselho Europeu do final da próxima semana para melhor avaliar a posição dos líderes europeus sobre o nosso futuro próximo...
6 comentários:
Vim parar a este blog sem saber como e fiquei muito bem impressionado por duas razoes essenciais: porque se sente política no ar, da antiga, reflectida e preocupada com o espaço público e os cidadãos e porque tem um nome genial, um "bazar" de uma coisa tão importante como são os assuntos diplomáticos. Ah, e depois, não me posso esquecer, não se sente desonra por ser Português, que é comum entre os que pensam política, nomeadamente realidades supranacionais como a UE.
Aquele teste curioso acerca da nossa orientação política(que vale mais pela pertinência das questões do que pelo gráfico explicativo que nos propõe), a oração de Sto. Inácio e o debate no CUPAV...tudo muito à frente!
Parabéns Parabéns!
Abraço,
Tiago
Concordo. Penso que foi muito arriscado avançar com o tratado de Lisboa e sobretudo querer impingi-lo aos cidadãos !! Um documento desta importância deveria ser sujeito a referendo, mas percebe-se - dados os resultados na Irlanda - que os Governos nao o quisessem ...
PS - Associo-me ao Tiago nos parabéns ao blog, ASL!
Caro Tiago,
Muito obrigado pelo simpático comentário! É gratificante saber que há público interessado na discussão e no debate políticos e na valorização da Portugalidade. :) Aguardo por mais visitas!
Caro L.Romão,
Compreendo que agora seja mais simples dizer que tenha sido "imprudente" avançar com o Tratado. Devo dizer que não concordo porque:
- o Tratado de Lisboa (ou de qualquer outra cidade do trio Alemanha-Portugal-Eslovénia) era um resultado que se exigia deste trio
- à presidência Portuguesa muito interessava (como é natural) que aquele fosse assinado no segundo semestre de 2007
Parece-me que o problema de fundo está no descaramento que esteve tão patente ao querer impingir, como sugeriu, L.Romao, esta nova versão de Constituição Europeia. Mesmo que a Irlanda tivesse votado favoravelmente ao Tratado, este ia ter sempre associado a si a força e a pressão de algo que foi no passado rejeitado e que agora foi alterado para que se "engolisse" melhor (seja-me permitida a expressão).
P.S.: Também muito agradeço a associação ao Tiago! :)
Eu é que lhe agradeço por ter esta abertura de falar com os seus leitores e, no blog, falar de forma natural de assuntos tão relevantes a todos nós(dos quais, por ser política, nos julgamos afastados).
A propósito do seu postal "O povo e o futebol", cuja temática também me interessa perceber, tente ver hoje na rtp1 às 22h40 o Prós e Contras, que tratará precisamente deste tema(parece ter voltado, após alguns menos relevantes, aos grandes debates). Não sei se é de aproveitar esta aparente facilidade que temos em campo se, por outro lado, isto significa um afastamento das questões que nos farão estabilizar economicamente e afirmar culturalmente no plano mundial. Estou certo porém que esta estratégia já os Imperadores de Roma aplicavam e tal não significava grande consideração para com o grande povo. Ainda asim, distraía-os e nesse sentido deu resultados.
Já há dois ou três anos que passeio pela blogosfera e até participo, mas entretanto afastei-me por razões várias(pela impessoalidade, pela facilidade que há em denegrir alguém que escreve -comentários anónimos de pessoas sem educação- e por, sinceramente, não perceber muito facilmente conceitos essenciais a estas áreas das Humanidades. Agora, com os meus longos 20 anos(lol!) já me sinto capaz de debater o que quero e compreender razoavelmente certas teorias, pelo que voltei a este mundo híbrido.
Ter-me-á por visita assídua caro António(?), descobri neste e noutros blogs abordagens que aprecio e talvez mesmo volte a escrever no meu blog, partilhado com alguns amigos. Visite-nos.
Abraço,
Tiago
Seja muito bem-vindo, então! Cá o espero, caro Tiago e restantes novos visitantes! :)
Um abraço,
António (!)
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