domingo, 10 de fevereiro de 2008

“Conta-me como foi” e a RTP1

No ano passado, estreou na RTP1 uma série chamada “Conta-me como foi”, ao Domingo à noite, depois do programa do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa e do Gato Fedorento, inspirada no original “Cuéntame como pasó”, de Espanha.

Nos últimos meses, salvo raras excepções (incluindo esta semana de férias), só tenho visto televisão ao Sábado à noite, caso esteja em casa, para ver a Operação Triunfo, e ao Domingo à noite, ainda que com menor regularidade, para ver o Gato Fedorento e o Conta-me como foi.

Este programa é, portanto, dos poucos para os quais eu possa ter opinião formada. Para além da componente de produção televisiva, que me ultrapassa um pouco, consigo achar imenso interesse à série. Desde logo, porque a narração dos episódios é feita segundo a visão da criança da família principal, o que, por vezes, através da sua ingenuidade, consegue imprimir alguma piada aos episódios. Em segundo lugar, enquadra-se numa época histórica com um forte pendor político, o que, pessoalmente, me atrai ainda mais à série. Depois, torna-se absolutamente hilariante fazer uma observação atenta de certos pormenores apontados nos vários episódios, no que toca à mentalidade, aos hábitos, ao nível cultural e de instrução apresentado por uma família de classe média-baixa, à resistência feita às inovações tecnológicas da altura e à própria forma de vestir ou às conversas mantidas.



Conta-me como foi” foi eleito o melhor programa de televisão portuguesa de 2007, apesar de ter tido sempre audiências baixíssimas. Por oposição, programas como “A Bela e o Mestre”, “Quinta das Celebridades” e o rol infindável de telenovelas básicas (nem todas assim serão, com certeza) que preenche os serões da SIC e da TVI surgem sempre nos tops das audiências.

Recentemente, a RTP1 voltou a apostar no “Quem Quer ser Milionário”, retomará o “Dança Comigo”, pôs no ar, na semana passada, uma mini-série sobre o regicídio e tem programas de comentário político e telejornais de qualidade.

Como canal generalista, a RTP1 tem conseguido ser suficientemente completa e abrangente, conciliando entretenimento com humor, cultura, conhecimento e informação de qualidade, e sabido ser um excelente canal público. Mantendo este nível, parece-me que talvez valha a pena sustentar um canal público como a RTP1.

Deus nos livre da eterna condenação à SIC, TVI & afins…

2 comentários:

Anónimo disse...

há quem esteja interessado em privatizá-la...

Sofia disse...

A minha série preferida.