Mete dó quando se vê um partido como o PSD ser subalternizado por um outro como o CDS. Mas a verdade é que ao PSD, fraco como está, também não se pode colocar padrões de qualidade muito elevados.
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Nota-se bem a diferença entre o discurso do grupo parlamentar do PSD do 25 de Abril do ano passado e do deste ano. No ano passado, Paulo Rangel, exímio orador, num discurso excepcional, falava sobre a perigosa concentração de poder levada a cabo por parte do Governo, não só sobre o coordenador nacional de segurança, sob a alçada directa do PM, como também pelo sucessivo controlo da comunicação social.
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Hoje, ouvimos um senhor chamado Luís Montenegro, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD dadas as suas proximidades com o fatídico líder da mesma, dissertar de forma geral sobre tudo e em concreto sobre coisa nenhuma. Sublinho a triste e lamentável parte em que "lambe as botas" ao Presidente da República, louvando de uma forma ridícula estes dois anos de mandato. Desconfio que Cavaco Silva preferisse manter as suas "botas" no estado em que estavam...
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O CDS, pelo voz de uma das suas jovens promessas, Pedro Mota Soares, começou enaltecendo a relevância da efeméride do 25 de Abril, naturalmente, mas acentuando desde logo - e bem - a pertinência em comemorar com semelhante pompa a não menos relevante data do 25 de Novembro. Realço ainda a proposta falhada do CDS em alterar o esquema destas comemorações (que, através de uma sessão solene na AR, nada dizem aos Portugueses) e o tema-chave do discurso: a questão da demografia.
.Jaime Gama, herdeiro de Jorge Sampaio nos discursos vagos e desprovidos de matéria, antecedeu o Presidente da República. Cavaco Silva alertou não só para o afastamento dos jovens da política, como também para a enorme falta de conhecimento em relação a elementos chave da História democrática portuguesa. Segundo o PR, metade

dos jovens entre os 15 e os 19 anos não sabia responder a NENHUMA das perguntas colocadas através de um
estudo elaborado pela Católica, onde havia questões como "Quem foi o primeiro PR eleito após o 25 de Abril?".
.No seu estilo objectivo e prático, informou prontamente a AR e os Portugueses - em sede própria, em meu entender - da sua intenção de iniciar contactos com associações e organizações de juventude para discutir este tema e trabalhar em conjunto para encontrar soluções a fim de se tentar alterar o estado de coisas.