segunda-feira, 31 de março de 2008

O que faz o Presidente da República?

A propósito do segundo aniversário da sua tomada de posse, o Presidente da República criou no site da Presidência uma apresentação multimédia a que deu o nome de "Os Dias do Presidente", onde se procura mostrar um pouco do trabalho do Chefe de Estado.

Parece-me um conceito interessantíssimo (condicente, de resto, com as grandes funcionalidades que o site apresenta), mas, na verdade, a concretização não me parece a melhor. Fica-se com uma ideia de Presidente corta-fitas e com uma opinião de que o cargo de Presidente da República é pouco exigente e sem relevância de maior para o País, denotando-se, inclusivamente, a dificuldade que Cavaco Silva tem em ser informal.

E sou insuspeito para dizer o que digo!

sábado, 29 de março de 2008

Carro no metro do Porto



Um motorista enganou-se e atravessou a ponte D. Luís (no pavimento superior, exclusivo para o metro), entrou no túnel, só percebendo estar no "caminho errado" ao chegar à estação S. Bento. O motorista, que nada sofreu, apenas achou que a pista "trepidava muito"!

O senhor, natural da Beira Alta, vinha visitar um familiar ao Porto. Como já não se deslocava a esta cidade há muitos anos, julgou que o percurso ainda se fazia pela Ponte D. Luís e, como era de madrugada, não se apercebeu da sinalização...

Foi filmado por todas as câmaras de segurança por onde passou, como mostra o vídeo.
Se não for verdade, é ao menos uma montagem interessante e não deixa de ser um episódio anedótico.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Os electrodomésticos de Sócrates

Há uns anos, um candidato a presidente de uma Câmara Municipal do País ofereceu electrodomésticos aos eleitores desse município.

Hoje, Sócrates, a um ano e meio das suas eleições, começa a oferecer os seus próprios electrodomésticos como se fossem seus, quando na verdade já os tinha tirado aos Portugueses. É aquilo a que se chama "comprar o voto", o eleitoralismo barato.


Nota: não que censure a medida (antes entendo que a política orçamental se deveria pautar pela diminuição das despesas e não pelo aumento das receitas), mas censuro toda a hipocrisia de um Governo que pintou a situação o mais negra possível e agora a pinta o mais cor-de-rosa que pode, como se a situação actual fosse boa, sustentável e a ele tudo devêssemos agradecer.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Soneto

Para este poema fantástico e tão elucidativo, a musicalidade que melhor se enquadra e que melhor o enquadra:


(Não podem as palavras por Diogo Brito e Faro)


Não pode Amor por mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.

Busca no rosto a cor que mais o ajude,
magoado parecer aos olhos pede,
pois quando a fala a tudo o mais excede
não pode ser Amor com tal virtude.

Também eu das palavras me arreceio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expressão maior do meu anseio.

E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem os meus olhos, e responde.

António Gedeão

sexta-feira, 21 de março de 2008

Renovar a Mouraria


Foi criado o movimento Renovar a Mouraria com vista a alertar para o estado decadente em que aquele bairro histórico e emblemático de Lisboa, berço do fado, tem sido deixado cair.


Este movimento é composto por moradores, comerciantes e amigos do bairro e fizeram circular uma petição, que reclama a reabilitação dos prédios históricos, das ruas e praças, como o Largo de Pina Manique ou o Palácio da Rosa.

terça-feira, 18 de março de 2008

Coca-Cola = Leite ?

Na sequência do post anterior, foi-me perguntado se na verdade os CD's tinham um IVA de 21%; isto é, se eram considerados artigos de luxo, em vez de artigos de cultura - que, segundo o Código do IVA, estão incluídos nos bens essenciais e têm uma taxa de 5%.

É bem verdade!

Note-se que os livros são considerados artigos de cultura e, como tal, estão abrangidos por uma taxa de 5%. Faz-se uma excepção expressa aos livros e outras publicações "de carácter obsceno" (segundo a letra da lei) e também os CD's são excluídos deste regime.

É naturalmente grave cobrar a artigos de cultura um IVA de 21%, mas acima de tudo é profundamente lamentável verificar que:
  • Coca-Cola – 5%
  • Papel higiénico – 21%
    Detergente da máquina de lavar roupa – 21%

Será que é aceitável um pacote de leite ser sujeito à mesma taxa que uma Coca-Cola?

Passará pela cabeça de alguém tomar o papel higiénico como um produto de luxo?

E um mero detergente de lavar roupa?

É bem verdade que Portugal até tem rios (um pouco poluídos, de uma maneira geral), que até tem várias fontes (para onde as criancinhas gostam de ir tomar banho no Verão) e lagos (onde se passeiam patos e afins), mas será que não ir lavar a roupa ao rio/fonte/lago é um luxo nos dias de hoje?

domingo, 16 de março de 2008

É tudo política?

i) O Duarte toca guitarra e tem uma banda. Não tem paciência nenhuma para política: é uma seca ouvir aquelas histórias todas das greves, das pensões dos reformados, das filas de espera nos hospitais, das guerras entre os partidos…
O Duarte agora está indignadíssimo! Quando já recolheu o mínimo de condições para publicar o seu primeiro álbum, descobriu que os CD’s são considerados “artigos de luxo”, pelo que têm um IVA de 21% e não “artigos de cultura”, o que acarreta um IVA de apenas 5%! Significa que “eles” não estão a apostar na cultura e nos jovens talentos como deveriam! “Não há pachorra, pá!”

ii) A Mafalda está no 12º ano e vai fazer exames nacionais em Junho. Vão-lhe chegando informações a pouco e pouco, está sempre tudo a mudar, nunca ninguém sabe nada ao certo e parece-lhe tudo um bocado incoerente.
A Mafalda diz que para o ano nem tenciona votar nas três eleições que vamos ter porque quer mostrar como discorda do “sistema”.

iii) O Luís vive em Lisboa e tem um cão. Irrita-lhe o facto de ter um jardim mesmo ao pé de casa dele e este estar muitíssimo degradado! Paga impostos e depois “não põem isto em condições”! “Fazem estas coisas e há uns anos atrás ainda me vieram convidar para ser vogal da Junta de Freguesia! Devem estar a gozar comigo!”


Estes três casos procuram mostrar situações distintas (entre inúmeras) na nossa sociedade em relação à política. Sobre isto:
  • A política está presente em quase tudo aquilo que fazemos (não nos esqueçamos de que se legisla sobre quase todas as matérias)
  • A partir do momento em que há actividades nossas que se sentem afectadas por alterações na legislação, está a haver uma influência directa na nossa vida – o que acontece sempre, com os impostos, com alterações legislativas quanto à nossa actividade profissional, etc. – pelo que a política nos diz ainda mais respeito
  • Como é que alguém acha que pode tentar resolver aquilo que critica quando está de fora?

quinta-feira, 13 de março de 2008

Sete pecados do Governo

A propósito do terceiro aniversário do Governo do ainda primeiro-ministro José Sócrates, o ainda presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, apontou os sete pecados "sem direito a absolvição" deste Governo:
  • Frágil e incipiente crescimento económico
  • Desemprego
  • Desconfiança em relação a opções estratégicas (leia-se: o aeroporto)
  • Abandono de 2/3 do território nacional
  • Reforço do centralismo do Estado
  • Desqualificação da democracia Portuguesa
  • Insensibilidade social

Serão eles mortais?

segunda-feira, 10 de março de 2008

Uma diferença de estilo...

Francisco Rebelo de Andrade há uns anos...


(Pegadas na Areia)


... e ontem...


(Magicantasticamente - um tema bem animado, que lhe valeu praticamente um empate com Ricardo Soler, da 3ª Operação Triunfo)

sábado, 8 de março de 2008

Hey! Be positive!


«Não te inquietes com as dificuldades da vida, pelos seus altos e baixos, pelas suas decepções, pelo seu futuro mais ou menos sombrio.

Quer o que Deus quer.

Oferece-Lhe no meio das inquietações e dificuldades o sacrifício da tua alma simples, que aceita os desígnios da sua providência. Pouco importa que te consideres um frustrado e Deus te considera plenamente realizado, a Seu gosto.

Perde-te confiando cegamente nesse Deus que te quer e que chegará até ti, mesmo que nunca O vejas. Pensa que estás nas Suas mãos, tanto mais seguro, quanto mais decaído e triste te encontres.

Vive feliz. Vive em paz. Que nada seja capaz de tirar-te a paz. Nem o teu cansaço. Nem as tuas falhas. E no fundo do teu coração coloca tudo aquilo que te enche de paz.

Por isso, quanto te sintas desanimado e triste, adora e confia.»

Teilhard de Chardin

quinta-feira, 6 de março de 2008

"Concorda com a despenalização do fumo em locais públicos, se realizado por opção do fumador maior de idade ou emancipado?"

Não obstante concordar de um modo geral com a nova lei do tabaco (salvo algumas incongruências), achei absolutamente hilariante um texto que li num blogue, escrito por uma rapariga/senhora (visto que não tenho o gosto de conhecer) chamada Catarina Almeida:
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«O Presidente da República Portuguesa convocou hoje o referendo à despenalização do fumo em locais públicos, depois de o Tribunal Constitucional se ter pronunciado favoravelmente à pergunta: "Concorda com a despenalização do fumo em locais públicos, se realizado por opção do fumador maior de idade ou emancipado?".

Desde 2008, conhecem-se 130 processos terminados, com 344 arguidos (todos de baixos rendimentos) e 103 condenações. Segundo a análise feita pelos deputados que requereram o referendo, a maioria dos fumadores julgados tinha entre 35 e 50 anos e fumava por prazer. Conhece-se agora o primeiro movimento a favor da despenalização, “Sim, Fumamos!”. No documento constitutivo do movimento, que reúne fumadores de vários quadrantes políticos, partidários e culturais, lê-se: "Os julgamentos de Lisboa, Coimbra e Braga são exemplos da ineficácia da actual lei – não evita que se fume e coloca os fumadores numa posição desumana de penalização e humilhação."

Aquando da elaboração da lei, o Governo de Sócrates afirmou ter em conta sobretudo a prevenção do tabagismo, proibindo-o, protegendo assim a sociedade, principalmente os cidadãos mais vulneráveis. "É vergonhosa a condição a que nós, fumadores, somos remetidos. Empurram-nos para a barra do tribunal, abrindo espaço a que se criem espaços privados de higiene e condições. No entanto, aqueles que têm posses conseguem fumar sem ser importunados." Enquanto a actual lei se mantiver, acontecerão as denúncias e, como consequência, a investigação policial sobre fumadores e suas famílias. O tabagismo clandestino é um flagelo e um problema de saúde pública. (…)»
Catarina Almeida

terça-feira, 4 de março de 2008

"A Flauta Mágica" no São Carlos

Descobri que está no São Carlos uma adaptação, para crianças, d’“A Flauta Mágica”. Que ideia louvável!

domingo, 2 de março de 2008

Cavalheirismo: discriminação ou civismo?

É o cavalheirismo símbolo de algum machismo? Estará ele em desuso? Será sinal de falta de educação não atender aos seus preceitos?


Em bom rigor, alguns exemplos de cavalheirismo não têm origens muito consentâneas com a igualdade de géneros. Na verdade, segundo li em sítios diversos, o cuidado de deixar as senhoras passar em primeiro lugar surgiu na Idade Média, num hábito segundo o qual os homens as deixavam entrar primeiro noutra divisão para que, caso lá estivesse um inimigo, fossem elas as atacadas em primeiro lugar e os homens já se pudessem prevenir. Enfim, é uma história, e vale o que vale…

Acima de tudo, parece-me que o cavalheirismo se torna, analogamente ao protocolo ou às regras de etiqueta, numa forma de obviar e de universalizar comportamentos em certas situações. Isto é, à saída do elevador, p.e., estando um rapaz, um homem e uma senhora, sabemos de antemão que a senhora sairá primeiro, seguida do homem e depois do rapaz. Sabemo-lo porque determinadas “regras” já nos foram incutidas, regras essas que tornam mais práticas as nossas acções no dia-a-dia, evitando que, p.e., naquele caso, as pessoas ficassem eternamente a deliberar sobre a ordem de saída do elevador (se bem que, actualmente, isso vai acabando por acontecer por as pessoas irem flexibilizando estes hábitos).

O cavalheirismo (e entendo-o numa perspectiva de homem gentil, homem de bem) diz respeito não só às acções perante as senhoras. Educado, um gentleman cede a passagem a um outro homem ao atravessar uma porta, fala delicadamente (e não dando provas de “desasseio mental” – uma expressão que descobri e da qual fiquei fã), levanta-se para cumprimentar as pessoas (independentemente do sexo, naturalmente) e presta particular atenção a pessoas mais velhas ou mais frágeis.

O cavalheirismo é, antes de mais, uma convenção. Porque se convencionou desta forma, a sociedade foi enraizando estes costumes, que, actualmente, constituem regras de boa educação mas que vão vendo um abrandamento do seu cumprimento.
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Não é, para mim, uma formalidade ridícula. O cavalheirismo corresponde não só regras de boa educação, como também é fruto de toda uma tradição que constitui o nosso património enquanto seres humanos e que, como tal, deverá ser preservado.