sábado, 27 de setembro de 2008

Are they trustworthy?

Pela terceira vez no espaço de um ano, José Sócrates encontrou-se com o Presidente da República Bolivariana da Venezuela, o senhor Hugo Chavez.
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Hoje, na FIL, os Governos de Portugal e da Venezuela assinaram uma série de acordos em variadíssimos domínios, nomeadamente depois de Chavez ter aparecido nas televisões com um pequeno Magalhães nas mãos, elogiando-o, como se fosse uma menina da TV Cabo.
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Devo dizer que me sinto muitíssimo orgulhoso por ver alguma individualidade internacional a elogiar algo Português. Quando vi Chavez com um Magalhães na mão, apenas me consegui lembrar da aversão que aquele produto há-de causar nas sociedades ocidentais, depois de uma publicidade daquele género.
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Mas, sinceramente, não é nada com a qual nos devamos espantar. Portugal tem descortinado por completo que está integrado num quadro multilateral como a NATO, que tem acordos muito específicos com os EUA em vários domínios - nomeadamente da Defesa -, e que tem uma comunidade emigrante nos EUA não menos importante do que na Venezuela.
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As apostas da dupla Sócrates-Amado têm incidido e elogiado tudo o que é Chefe de Estado e Governo com pergaminhos de imoralidade e desonestidade política. José Eduardo dos Santos e Hugo Chavez personificam lindamente esse protótipo.
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De facto, percebe-se que Zapatero seja o melhor amigo europeu de Sócrates: coincidem quer ao nível de políticas de família quer ao nível da postura de indiferença em relação aos EUA. A Administração empossada em 2009 fará Portugal pagar a conta desta directriz política...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

As bandeiras da esquerda

Manuel Alegre lamentou que a Juventude Socialista apenas fale de temas "que estão na moda", como é o caso dos "casamentos" homossexuais. É extremamente honroso olhar para um partido político - seja ele qual for - e verificar que há pessoas que, por terem um determinado estatuto, têm um desprendimento e uma independência tais que lhes permite intervir sobre os pontos que efectivamente entendem.
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Aquando da sua eleição como Secretário-Geral daquela organização, há uns meses, Duarte Cordeiro afirmou que os "casamentos" homossexuais eram uma questão "absolutamente prioritária" para a nova direcção da JS. Por seu lado, o Bloco de Esquerda e Os Verdes abriram esta sessão legislativa com iniciativas no sentido de avançar com os "casamentos" homossexuais, e, no caso do BE, de permitir também a adopção.
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Pergunto-me: no dia em que (se) o aborto estiver totalmente liberalizado, os "casamentos" homossexuais institucionalizados, a eutanásia em todas as circunstâncias possíveis implementada e as touradas extintas, quais vão ser as bandeiras da esquerda?
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Será que só aí é que vão de facto começar a trabalhar no sentido do desenvolvimento social?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Um "dislate"

"Hoje, na Europa dos 27, só há quatro governos socialistas: Portugal, Espanha, Inglaterra e Noruega".
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A afirmação é de Manuel Maria Carrilho, ex-ministro da Cultura e actual embaixador de Portugal junto da UNESCO. Pena que não saiba que a Noruega não faz parte da UE...

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Cortesia ou subserviência?

Há umas semanas, na quarta maior cidade de um país da Europa central, um taxista, gentilmente, ajudava-nos a pôr e a tirar as malas no/do carro, para além de ainda ter a delicadeza de fechar a porta à minha mãe.
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No mesmo dia, na capital desse mesmo país, um outro taxista permanecia dentro do seu carro enquanto nós colocávamos a bagagem no porta-bagagens e íamos entrando no taxi.
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Infelizmente, vê-se que a tendência actual e proeminente é a segunda. Parece que - neste caso os taxistas - sentem que este tipo de simpatia é um acto de subserviência perante a outra pessoa e, sofrendo de um certo complexo de inferioridade social, sentem a necessidade de se afirmar desta forma pouco digna.
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Tende muitíssimo a confundir-se cortesia com subjugação e educação com formalidade.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Das duas uma

Perante o comunicado da Presidência da República sobre as declarações do ministro da Administração Interna só restam duas alternativas: ou o próprio ministro toma a iniciativa de pôr o lugar à disposição ou o primeiro-ministro o demite..

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Aquilo a que se chama um bom ponto

Rodrigo Moita de Deus afirma que "continuamos mais entretidos a discutir o silêncio do último mês que o conteúdo do discurso de ontem."

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Nova versão do Acordo Ortográfico

. Clique na imagem para ampliar..

Fotografia vista na Câmara dos Comuns e tirada do Sapo.
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Rentrée

Após um mês de reclusão, a líder da Oposição "despejou" grande parte daquilo que tinha a dizer em relação à actuação do Governo nos últimos tempos.
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Cumpre-se lembrar que da mesma forma que o Governo de um País não se compadece com um primeiro-ministro que apenas algumas semanas depois de recorrentes incidentes de insegurança se pronuncia, também não será aceitável que uma candidata a essas funções actue de forma semelhante.
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Quanto ao discurso, parece-me que MFL foi incisiva nos principais pontos: democraticidade do actual Governo (de resto um tema para o qual já há muito tempo se havia alertado, nomeadamente durante a liderança de Marques Mendes, com o brilhante discurso da "asfixia democrática" de Paulo Rangel, hoje líder parlamentar), a Economia (PME's, agricultura e emprego), a Saúde e a Segurança.
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O ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, na sua linha básica de previsibilidade e de falta de independência política, lá veio dizer que tinha sido um discurso do "bota-abaixo", sem propostas. Bom, desde logo, nem me parece que a Universidade de Verão tivesse de ser um local para se dissertar sobre propostas do PSD para cada uma das áreas que MFL abordou. A lógica deveria ser (e, efectivamente, foi) a de fazer uma análise geral à actuação do Governo.
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Penso que MFL esteve bem no conteúdo (menos bem na forma de o expôr, mas é o menos relevante para a questão) e manteve alguma elevação no debate político. Com esta rentrée, espera-se que a sua postura seja mais activa - não "falar por falar", mas falar sempre que é preciso!

sábado, 6 de setembro de 2008

Águas de Setembro fechando o Verão


Elis Regina e Tom Jobim - Águas de Março

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
É peroba no campo, é o nó da madeira
Caingá candeia, é o matita-pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto um desgosto, é um pouco sozinho
É um estepe, é um prego, é uma conta, é um conto
É um pingo pingando, é uma conta, é um ponto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manha, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã