quarta-feira, 26 de março de 2008

Os electrodomésticos de Sócrates

Há uns anos, um candidato a presidente de uma Câmara Municipal do País ofereceu electrodomésticos aos eleitores desse município.

Hoje, Sócrates, a um ano e meio das suas eleições, começa a oferecer os seus próprios electrodomésticos como se fossem seus, quando na verdade já os tinha tirado aos Portugueses. É aquilo a que se chama "comprar o voto", o eleitoralismo barato.


Nota: não que censure a medida (antes entendo que a política orçamental se deveria pautar pela diminuição das despesas e não pelo aumento das receitas), mas censuro toda a hipocrisia de um Governo que pintou a situação o mais negra possível e agora a pinta o mais cor-de-rosa que pode, como se a situação actual fosse boa, sustentável e a ele tudo devêssemos agradecer.

3 comentários:

Anónimo disse...

Peço desculpa pela falta de informação, mas como e quando é que "quando na verdade já os tinha tirado aos Portugueses" aconteceu?

ASL disse...

Creio que foi em 2005 que o Governo decidiu aumentar os impostos. À data, esta medida foi justificada com o argumento de que o Governo PSD/CDS tinha deixado um défice com um valor astronómico; qualquer coisa à volta dos 6%, se não estou em erro.

Ora, é extremamente interessante verificar que antes de o ano terminar o Governo já conseguia saber qual ia ser o défice! Mas que inteligências aquelas! (Nota: só agora, por exemplo, é que se soube qual foi o défice de 2007)

Na verdade, o Governo encomendou ao Banco de Portugal um relatório; relatório esse que veio a afirmar que caso não fossem tomadas quaisquer medidas, o défice seria aquele à volta dos 5 ou 6%.

Por mais que se possa criticar o Dr. Pedro Santana Lopes, custa-me muito acreditar que o seu Governo, se se tivesse mantido em funções, não teria feito rigorosamente nada para combater o défice orçamental.

Para mim, há duas questões vergonhosas no meio de tudo isto:

i) Se Portugal entrou na crise em que entrou foi devido aos Governos do PS no final dos anos 90/ início do século XXI, em que se fomentou o crédito fácil e, consequentemente, se aumentou o endividamento das famílias. É claro que no momento é sempre uma grande alegria para uma família que mal tem dinheiro para pagar os estudos dos filhos contrair um empréstimo ao banco ou pagar em prestações o carro novo; mas a médio/longo prazo tem os seus efeitos nefastos.

ii) O Governo apresenta-se como um herói! Aumentou os impostos (o que sempre criticou na oposição), diminuiu o défice à custa do aumento das receitas, continuando o Estado a gastar milhões abundantemente, não se apostando na diminuição das despesas, e agora aumenta os impostos, naquele seu tom arrogante e empinado como os Salvadores da Pátria perante o descalabro dos Governos PSD/CDS - que apenas procuraram responder (bem ou mal, o que seria outra discussão) aos problemas criados pelos anteriores governos do PS.

Resumindo e concluindo, este Governo "tirou" aos Portugueses os "electrodomésticos" quando aumentou os impostos e agora vem no-los devolver como se lhe tivessemos de agradecer eternamente por no-lo terem feito.

Anónimo disse...

Bem mais esclarecido agora. Muito agradeço.