domingo, 13 de julho de 2008

União com o outro lado do Mediterrâneo

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Em momentos de crise e não sabendo bem como lidar com os problemas (como se viu na cimeira de Hokkaido do G8), nada melhor do que inventar programas alternativos que permitam dar uma imagem de aparente resolução de problemas.
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Talvez em grande parte com este intuito, mas - estou convencido - também por me parecer ser um projecto sustentável, foi hoje oficializada a União para o Mediterrâneo, sob a chancela de Paris.


A azul os membros previsíveis para compôr a UPM; a cinzento escuro aqueles que se vieram a juntar.

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Esta organização - que surge como a concretização do Processo de Barcelona de 1995 - procurará focar a sua acção no desenvolvimento económico da região (UE e outros Estados da Europa não-UE e países do Norte de África e do Médio Oriente), nas questões energéticas, de segurança marítima, mobilidade, educação e investigação.
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A meu ver, tudo o que possa contribuir para a aproximação da Europa ao Magrebe e contribuir para o reforço no papel da UE no Médio Oriente será bem-vindo, sobretudo quando se pode potenciar as vantagens da comunhão do Mediterrâneo.
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De resto, fazendo jus à cidade em que se protagonizou o arranque desta ideia, veria com bons olhos que a sede da nova instituição estivesse em Barcelona, apoiando a candidatura já apresentada por Zapatero, a par das de Malta, Marrocos e Tunísia. Sarkozy vê, assim, cumprido um dos objectivos da sua presidência da UE e concretizada uma ideia por si já defendida há algum tempo.
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3 comentários:

Manuel Marques Pinto de Rezende disse...

meu amigo diplomático, esqueceu-se de algo ainda mais importante neste "feito" de sarkozy.
unir numa união estados que, não estando em guerra aberta, têm relações obviamente tensas.
por muito que seja um prenúncio de desafio para o futuro, é também um bom presságio...
eu acho que a capital devia ser roma meu caro... não sei, a ver pelo mapa não dá um certo ar de... "renovatio imperii"?

Tiago disse...

António, estou de volta! lol Esta ideia agrada-me bastante mas vai dar trabalho a implementar. Há civilizações e governantes bastante díspares entre estes Estados, não convém esquecê-lo. Ainda assim, e porque toda a aproximação que vier será bem-vinda, um passo em frente e numa ligação sobretudo de cooperação e aproximação comercial e económica, será óptimo.
Parece-me natural e óbvio que Portugal adira com entusiamo ao projecto: temos uma herança de diálogo cultural com o Magrebe, fomos a primeira potência estrangeira a dominar-lhes a costa e impor algum respeito para com povos europeus e convivência considerável ainda no século XV em parte do actual Marrocos; e pela proximidade geográfica (e benefícios daí decorrentes) temos bantante interesse nesta ligação institucional que já tardava em surgir.
"A César o que é de César, a Deus o que é de Deus": esta é devida ao presidente Sarkozy.

Abraço.

ASL disse...

De facto, Roma teria esse tal simbolismo... Estranho, aliás, Berlusconi não ter sido revisitado por pensamentos imperialistas nesse sentido, lembrando os tempos da Grande Roma! :p