domingo, 16 de março de 2008

É tudo política?

i) O Duarte toca guitarra e tem uma banda. Não tem paciência nenhuma para política: é uma seca ouvir aquelas histórias todas das greves, das pensões dos reformados, das filas de espera nos hospitais, das guerras entre os partidos…
O Duarte agora está indignadíssimo! Quando já recolheu o mínimo de condições para publicar o seu primeiro álbum, descobriu que os CD’s são considerados “artigos de luxo”, pelo que têm um IVA de 21% e não “artigos de cultura”, o que acarreta um IVA de apenas 5%! Significa que “eles” não estão a apostar na cultura e nos jovens talentos como deveriam! “Não há pachorra, pá!”

ii) A Mafalda está no 12º ano e vai fazer exames nacionais em Junho. Vão-lhe chegando informações a pouco e pouco, está sempre tudo a mudar, nunca ninguém sabe nada ao certo e parece-lhe tudo um bocado incoerente.
A Mafalda diz que para o ano nem tenciona votar nas três eleições que vamos ter porque quer mostrar como discorda do “sistema”.

iii) O Luís vive em Lisboa e tem um cão. Irrita-lhe o facto de ter um jardim mesmo ao pé de casa dele e este estar muitíssimo degradado! Paga impostos e depois “não põem isto em condições”! “Fazem estas coisas e há uns anos atrás ainda me vieram convidar para ser vogal da Junta de Freguesia! Devem estar a gozar comigo!”


Estes três casos procuram mostrar situações distintas (entre inúmeras) na nossa sociedade em relação à política. Sobre isto:
  • A política está presente em quase tudo aquilo que fazemos (não nos esqueçamos de que se legisla sobre quase todas as matérias)
  • A partir do momento em que há actividades nossas que se sentem afectadas por alterações na legislação, está a haver uma influência directa na nossa vida – o que acontece sempre, com os impostos, com alterações legislativas quanto à nossa actividade profissional, etc. – pelo que a política nos diz ainda mais respeito
  • Como é que alguém acha que pode tentar resolver aquilo que critica quando está de fora?

3 comentários:

Anónimo disse...

Como é que alguém acha que se pode atrair quem é competente quando os políticos ganham o que ganham e as pessoas competentes, no sector privado, ganham o que ganham?

Anónimo disse...

isso do IVA sobre os cd's é mesmo assim ou foi só um exemplo?

ASL disse...

Ao primeiro Anónimo:

Essa é uma outra questão importante que se levanta e sobre a qual me espero poder debruçar. É rigorosamente verdade aquilo que diz (ou pergunta), mas com este post procurava acima de tudo mostrar um desinteresse e uma apatia injustificados por parte do cidadão comum, tomando a política como algo que não lhe diga respeito.


O segundo Anónimo terá direito a um post em que desenvolvo a pergunta que colocou. (Adianto, desde já, que o exemplo que dei é verdade).