terça-feira, 3 de junho de 2008

A liderança parlamentar

Em meu entender, o debate político deve ter lugar o mais possível na Assembleia da República. Se assim for, são os representantes do Povo Português que estão a desempenhar as suas funções e no local que é a Casa Mãe da Democracia.
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Felizmente, com os debates mensais instituídos pelo PM Durão Barroso (sendo Presidente da AR Mota Amaral) e, agora, mais recentemente, com os debates quinzenais, a discussão política vai estando cada vez mais focada na AR.
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Assim, é cada vez mais necessário para os Portugueses e proveitoso para os líderes partidários que estes sejam deputados. Marcelo Rebelo de Sousa não o era no tempo em que foi presidente do PSD e Luís Filipe Menezes também não. O primeiro foi conseguindo contornar esse problema com um excelente líder parlamentar, Luís Marques Mendes. O segundo, também fruto do medíocre grupo parlamentar de que dispunha, entregou a representação da bancada parlamentar ao homem que foi derrotado nas últimas legislativas.
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Não me parece, contudo, que para Manuela Ferreira Leite isto vá constituir problema de maior. Digo isto por dois motivos essenciais. Em primeiro lugar, não a tomo como particularmente triunfante em debates. É uma pessoa mais para agir, para actuar, para fazer ou para pensar à volta de uma mesa (ao estilo de Cavaco), do que propriamente para andar a discutir num plenário, local público, e, de certo modo, um antro de demagogia. Sócrates, hábil nesta "arte", arrumá-la-ia a um canto.
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O segundo motivo diz respeito àquela que me parece ser a melhor opção para líder parlamentar e a que MFL, penso, seguirá: José Pedro Aguiar-Branco. Desde logo, foi um dos responsáveis pela queda de Luís Filipe Menezes e foi, desde o início, um incontornável apoiante de MFL. Depois, foi ministro de Santana Lopes e foi seu cabeça-de-lista pelo Porto em 2005, pelo que permitirá fazer uma ponte importante com outra ala do PSD. É aguerrido, destemido (deu aquela forte entrevista à Visão no dia da demissão de Menezes), brilhante orador, tem crédito e provas dadas. Apesar do curto tempo que passou pelo Governo, conseguiu recolher algumas opiniões que lhe foram favoráveis, é uma pessoa com ideias para o País e com uma susbtancial participação cívica.
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Fala-se ainda em Marques Guedes - que já desempenhou estas funções no tempo de Marques Mendes -, mas julgo ser demasiado apagado, pouco aguerrido, jogando mais à defesa e não tanto ao ataque. Seria, a meu ver, uma péssima escolha para debater quinzenalmente com Sócrates.
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Melhor que Marques Guedes (mas pior que Aguiar-Branco) seria Paulo Rangel, de quem já falei aqui, defendendo os seus dotes como orador. No entanto, tem contra Aguiar-Branco o facto de ser menos conhecido, o que me parece particularmente penoso nestas circunstâncias uma vez que o rosto do PSD no Parlamento deve ser alguém que não seja um estranho aos Portugueses e para quem olhem sabendo que já teve um papel de relevo na política. Ainda que Rangel tenha sido secretário de Estado da Justiça, Aguiar-Branco foi ministro, o que, naturalmente, lhe dá maior credibilidade.
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Parece-me que Aguiar-Branco é uma opção excelente. Talvez das melhores que poderia haver, fosse qual fosse o grupo parlamentar. Conto que a sua ocupação profissional não o impeça de exercer estas funções que se revelarão essenciais para desenhar o resultado de 2009.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não esquecer que se critica muito Santana Lopes, mas a verdade é que levou para o grupo parlamentar do PSD naquela altura difícil pessoas como Duarte Lima, Aguiar Branco, Marques Mendes, Paulo Rangel, Marques Guedes, etc, etc... Se vai sair daqui um bom líder parlamentar, a verdade é que foi o Santana Lopes que lá o pôs!!!

ASL disse...

Caro anónimo,

Olhando para os grupos parlamentares do PSD de há umas legislaturas atrás e para a presente, temos de reconhecer que há uma diferença abissal!

E se bem que Santana Lopes ainda tenha conseguido colocar alguns "notáveis", verdade seja dita que o peso das distritais na escolha dos candidatos também é muito.

Anónimo disse...

Aguiar Branco, Paulo Rangel, Miguel Relvas, José Eduardo Martins e José Luís Arnaut são hoje membros do grupo parlamentar do PSD e estiveram ao lado de PSL no Governo, quando podiam perfeitamente nao estar para exercer a sua actividade principal. E isto também se aplica a Mota Amaral.
A verdade é que quando chega a hora de fazer as listas de deputados há logo interessados em apoiar o líder!!